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01 junho, 2013

Lúpus atinge em grande parte mulheres em idade fértil


Doença atinge uma em cada mil pessoas, apontam reumatologistas

DA REDAÇÃO
Novas diretrizes de tratamento do Lúpus foi um dos destaques da 19ª edição da Jornada Centro-Oeste de Reumatologia, que acontece entre os dias 25 e 27 de abril, no Centro de Eventos do Pantanal, em Cuiabá.

O professor da Universidade Federal de Goiás (UFG) e chefe do Serviço de Reumatologia da Faculdade de Medicina/Hospital das Clínicas da UFG, Nilzio Antônio da Silva chama atenção para o lúpus, que apesar de desconhecido por boa parte da sociedade brasileira, não é uma doença rara, e precisa ser mais divulgada para que indivíduos com manifestações da doença possam procurar ajuda precocemente.

“A cada mil pessoas uma tem a doença, e as mulheres são mais atingidas, em torno de 90%, em geral em fase fértil, pois há uma relação do estrogênio com o desenvolvimento da doença”, completou o médico.

Segundo o reumatologista atualmente os médicos tem mais flexibilidade para o diagnóstico e novos recursos de tratamento para esse mal que afeta tantos brasileiros. “O tratamento clássico do lúpus envolve doses variáveis de cortisona e de ciclofosfamida [uma medicação imunossupressora]. E em 2014 uma nova droga deve chegar ao país e se juntar ao tratamento tradicional, o agente biológico adalimumab. Novidades como essa é o que faz encontros como esse tão importante, é uma oportunidade de médicos se atualizarem e se organizar para valorizar os recursos e melhor atender o paciente”, afirmou.

O que é a doença

Conforme explica o reumatologista Nilzio da Silva, o lúpus é uma doença autoimune crônica que pode danificar qualquer parte do corpo (pele, articulações e/ou órgãos). No lúpus algo vai errado com o sistema imunológico, o qual luta contra vírus, bactérias e outros germes.

"O lúpus por ser uma doença crônica, não tem cura, e o tratamento visa o controle de sintomas. O tratamento é feito com antimaláricos, corticóide, antimaláricos. Autoimune significa que o sistema imunológico não consegue diferenciar os organismos invasores e os tecidos saudáveis do corpo. No lúpus o sistema imunológico cria autoanticorpos que atacam e destroem tecidos saudáveis”, explicou.

Normalmente o sistema imunológico produz proteínas chamadas anticorpos que protegem o corpo desses invasores. Esses autoanticorpos causam inflamação, dor e danos a várias partes do corpo. Quando as pessoas falam de lúpus, geralmente, se referem a lúpus eritematoso. Esse é o tipo de lúpus mais comum.

Sintomas

Segundo o médico os primeiros sintomas podem ser: cansaço, mal estar, falta de disposição, dor articular, alguns pacientes tem lesões de pele. "Cada caso é diferente, existem pacientes que são atendidos pelo grupo, que são portadores do lúpus comum”, disse.

Como se adquire a doença

O lúpus não é uma doença contagiosa, por isso não se deve ter a preocupação em evitar qualquer tipo de contato íntimo com a pessoa doente. "No entanto, essa doença possui um leve componente de hereditariedade, ou seja, parentes de primeiro grau de pacientes com lúpus têm chances um pouco maior de desenvolvê-la", comentou Nilzio.

Lúpus em Cuiabá

Segundo o reumatologista e professor da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Luiz Sergio Guedes Barbosa, o lúpus é uma doença ainda cheia de mitos e estigmas assim como a hanseníase era há 20 anos. “As pessoas ainda conhecem muito pouco sobre a doença e sentem vergonha, ela é vista como misteriosa. Temos um desafio de ajudar a divulgar e desmistificar o lúpus e mostrar que é uma doença que tem tratamento e o paciente tem a perspectiva de uma vida longa e de qualidade”, pontuou.
Guedes conta que há 8 anos existe a Associação dos Portadores de Doenças Reumáticas Autoimune (APDRA) que dá suporte aos pacientes e familiares. “Estimamos que em torno de 600 pessoas sejam portadores do lúpus em Cuiabá, dessas 450 estão em tratamento no ambulatório de reumatologia do Hospital Julio Muller. Utilizamos uma equipe multiprofissional que foca não só na doença, mas também na saúde do paciente, para que ele tenha uma vida normal”.